Única peça teatral de Clarice Lispector, A Pecadora Queimada e os Anjos Harmoniosos foi escrita em 1948. No início, temos anjos invisíveis apresentando-se, falando de sua jornada, missão, procura e fé no acontecimento de determinadas coisas. Sem julgo, sexo biológico ou maiores intenções, esses seres celestiais caminham para nascer. E de fato o farão quando o pecado da mulher jamais nomeada, e que jamais pronuncia palavra (ela apenas ri), tem sua carne queimada, para o prazer duplo daqueles que a julgam.
De maneira sutil e inteligente, as falas vão revelando o pensamento cristalizado de como a feminilidade é perigosa (o mito de Eva) e constantemente leva o homem à queda. O amante e o marido são colocados como princípios racionais. Há, porém, uma deixa da autora para olharmos o marido de forma mais crítica, devido ao seu arrependimento de ter denunciado a mulher, mas a manutenção da postura social rija, com a aceitação de que “a pecadora” não nunca lhe pertenceu e agora, muito menos. Ela é do povo.
De maneira sutil e inteligente, as falas vão revelando o pensamento cristalizado de como a feminilidade é perigosa (o mito de Eva) e constantemente leva o homem à queda. O amante e o marido são colocados como princípios racionais. Há, porém, uma deixa da autora para olharmos o marido de forma mais crítica, devido ao seu arrependimento de ter denunciado a mulher, mas a manutenção da postura social rija, com a aceitação de que “a pecadora” não nunca lhe pertenceu e agora, muito menos. Ela é do povo.